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A área onde está localizado Palos Verdes já experimentou no passado o terremoto mais intenso já registrado em todo o mundo. Esse evento, assim como muitos semelhantes em anos anteriores, foi acompanhado por um tsunami que resultou em numerosas vítimas e na destruição total de áreas habitadas.

Portanto, é crucial não apenas compreender a probabilidade de ocorrência de um novo terremoto e tsunami, mas também as condições sob as quais este último poderia ocorrer. Isso permite o desenvolvimento do projeto de forma a minimizar seu impacto potencial.

Esse tipo de risco só é relevante para propriedades próximas ao oceano. Se você estiver no interior ou a uma distância do oceano que torne improvável que um tsunami ocorra e alcance a sua propriedade, não é necessário realizar estudos desse tipo.

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Um tsunami é um dos possíveis efeitos do deslocamento do fundo do mar causado por um terremoto.

Antes de ocorrer um tsunami, as placas da crosta terrestre se deslocam, com uma placa subduzindo-se sob a outra. O processo de formação de um tsunami começa com uma seção que fica bloqueada e não continua seu movimento relativo entre as duas placas.

Situationsstecken (Wikipedia)

À medida que o restante do sistema continua a se mover, a área bloqueada começa a acumular tensão, e a crosta começa a se elevar:

Formação de tensão (Wikipedia)

Em algum momento posterior, o bloqueio atinge uma tensão tão grande que ele é liberado em um evento violento, liberando toda a energia acumulada. Parte dessa energia eleva a área, deslocando a água:

Terremoto, liberação de energia, movimento da crosta terrestre (Wikipedia)

O deslocamento da água forma uma onda circular que se afasta do epicentro até atingir as costas, criando uma onda com vários metros de altura:

Formação de duas ondas viajando em direções opostas (Wikipedia)

Esse tipo de onda é chamado de tsunami.

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Em 1960, ocorreu na região de Valdivia, a capital regional da região de Los Rios, onde está localizado Palos Verdes, o terremoto de maior intensidade já registrado no mundo.

Esse terremoto também gerou um tsunami que afetou Valdivia, Corral e até mesmo Chaihuín. No caso de Corral, que fica a 17 km de Palos Verdes, a onda atingiu mais de 10 metros de altura e devastou completamente Corral Bajo e Altos Hornos:

Nas imagens a seguir, você pode ver Corral Bajo antes e depois do tsunami, após a limpeza da área:

Corral Bajo em 1960 antes do tsunami e depois dele [1]

A seguinte imagem mostra a mesma localização após a devastação e depois da limpeza, em cores:

Corral Bajo após o tsunami, antes e depois da limpeza [1]

Além disso, mostra a destruição da siderúrgica no setor La Agüada:

Destruição da Siderúrgica no setor La Agüada [1]

A fábrica nunca foi reconstruída, e Corral perdeu seu papel como porto devido à perda de grande parte da frota das companhias de navegação que operavam na área na época.

[1] Memorias del Siglo XX (https://www.memoriasdelsigloxx.cl/ - imagen de Sergio Rigoberto Campos Valese) e wikipedia

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Diversos estudos têm mostrado que o grande terremoto de Valdivia em 1960 é parte de uma série que tem registros para os anos de 1575, 1737, 1837 e o já mencionado de 1960.

Contexto geográfico do local de estudo e evidências de terremotos históricos no centro-sul do Chile [1]

Isso significa que, em média, ocorre um terremoto com um tsunami correspondente a cada 128 anos. O desvio padrão é de 31 anos, embora seja importante mencionar que o número de eventos é muito limitado. Em outras palavras,

É altamente provável que ocorra um novo tsunami em cerca de 65 anos, com uma incerteza de cerca de 30 anos.

O tsunami que provavelmente ocorrerá tem o potencial de devastar novamente a cidade de Corral, a menos que medidas de proteção sejam implementadas.

A questão é qual é o risco que Palos Verdes está enfrentando.

[1] Geological evidence of an unreported historical Chilean tsunami reveals more frequent inundation", Emma P. Hocking, Ed Garrett, Diego Aedo, Matías Carvajal y Daniel Melnick, Communications Earth & Environmental (2021) 2:24

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A direção da onda gerada sobre um epicentro pode variar dependendo da topografia submarina. Muitas vezes, isso faz com que uma onda entre na zona costeira de direções diferentes daquelas em que a onda se originou. No entanto, a direção final da onda depende em grande parte da topografia da zona costeira, o que significa que, independentemente da localização do epicentro, a direção da onda costuma ser semelhante.

No caso de Corral, que fica próximo a Palos Verdes, o tsunami de 1960 penetrou na baía e chegou perpendicularmente à praia em locais como Corral Bajo, Amargos e Altos Hornos:

Mapa mostrando a localização de Corral e as localidades afetadas [1]

Isso aconteceu apesar de Corral não estar de frente para o mar e estar na baía de Corral, que oferece certa proteção contra o oceano aberto.

O nível das águas atingiu 10 metros, o que explica por que a onda penetrou até onde o terreno se eleva em locais como Corral Bajo e Altos Hornos.

Estimativa do nível do mar ao longo do tempo em Corral e outras localidades [2]

Portanto, a destruição foi significativa, e é um desafio desenvolver medidas preventivas eficazes contra futuros tsunamis.

[1] Repoblamiento, actividades productivas y percepción del riesgo en Corral, 50 años después del tsunami de 1960, Patricia Gutiérrez, Fernando Peña-Cortés y Marco Cisternas, Revista de Geografía Norte Grande, 56: 207-221 (2013)

[2] Generación del Tsunami de 1960 en el Sur de Chile, Rafael Aránguiz M., Sociedad Chilena de Ingenieria Hidraulica, XXI Congreso Chileno de Hidráulica (2014)

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Palos Verdes fica a apenas 5 km de Chaihuín, que também foi afetada por um tsunami em 1960. Sendo tão próxima de Palos Verdes, podemos estudar com mais detalhes os prováveis efeitos sobre a futura construção.

Estudos realizados [1] mostram que a onda atingiu em grande parte de forma perpendicular à praia, ultrapassando a região das dunas, o delta do rio e criando uma maré alta no lado oposto do rio Chaihuín:

Comparação da baía de Chaihuín entre 1944 e 2009, mostrando a formação do pântano criado pelo tsunami de 1960 [1]

Isso pode ser confirmado obtendo amostras de solo ao longo da direção em que o tsunami se deslocou, mostrando que os sedimentos contêm vestígios de solo marinho e dunas:

Localização das amostras coletadas para reconstruir o tsunami de 1960 [1]

Em geral, pode-se concluir que os tsunamis em Chaihuín atingem perpendicularmente à praia e apresentam alturas semelhantes às de Corral, o que lhes permite ultrapassar as dunas e chegar ao outro lado do rio.

[1] Origen y distribución de depósitos de tsunami en la marisma de Chaihuín (40° S/73,5° O), Chile, Diego Aedo, Daniel Melnick, Ed Garrett, Mario Pino, Andean Geology 48 (1): 125-152. January, 2021

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Se você estudar as informações oficiais [1], verá que a área de Palos Verdes é classificada como uma área de baixo risco de tsunami. Apenas as áreas em Chaihuín (Baía de Chaihuín e Punta de Chaihuín) são afetadas:

Mapa das ameaças de tsunami gerado pelo governo

A razão para essa classificação está relacionada com a direção em que a água viajará no próximo tsunami:

Provável fluxo paralelo à costa no próximo tsunami.

Em outras palavras, é provável que o tsunami siga ao longo da costa, sem adentrar em terra firme. No entanto, é importante observar que a água ainda pode atingir um nível superior a 5 metros (estimado com base em um perfil de corrente turbulenta), o que inundaria as áreas mais baixas de Palos Verdes.

[1] Oficina Nacional de Emergencia (ONEMI), Visor Chile Preparado, 2020.

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No que diz respeito ao perigo de tsunamis, as seguintes conclusões podem ser tiradas:

É altamente provável que um novo tsunami ocorra entre 2057 e 2119, destruindo novamente Corral e Chaihuín.

No entanto, para Palos Verdes:

A onda provavelmente penetrará apenas na parte mais baixa do terreno, arrastando tudo o que estiver nessa área.

Portanto, é importante observar o seguinte:

Evite construir em áreas com altitude acima do nível do mar inferiores a 10 metros.

Verifique se as estruturas entre 10 e 20 metros acima do nível do mar podem suportar as tensões da água que se desloca de leste para oeste.

Embora a probabilidade de afetar a área seja baixa, é recomendável evacuar para uma linha de 30 metros de altura, que fica aproximadamente ao nível da rua.

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